quinta-feira, 28 de maio de 2009

O trabalho escravo realmente acabou?

No final do século XIX, no dia 13 de Maio de 1888, com a promulgação da lei Áurea foi abolida a escravidão no Brasil. Será? Não é o que parece!
Já está fazendo parte do cotidiano das pessoas a veiculação regional e nacional de notícias que assustam e entristecem o povo brasileiro. Elas difundem notícias da existência da escravidão em pleno século XXI.
Ocasionalmente nos diversos veículos de comunicação são passadas notícias de trabalhadores rurais que vivem em condições sub humanas, sem a mínima infra-estrutura necessária para viver dignamente. Estes trabalhadores moram em fazendas longínquas, são levados pelos "gatos", de locais subdesenvolvidos e de pobreza acentuada. De lá eles não conseguem sair, devido à grande distância e a aquisição de dívidas junto aos latifundiários.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho , 25 mil pessoas trabalalham em regime de escravidão no Brasil, sendo que 50% corresponde ao estado do Pará. Outro dado preocupante divulgado no relatório realizado por pesquisadores da UFPA, por solicitação da Secretaria Estadual de Justiça, é que dos 12.500 trabalhadores escravos no Pará, em torno de 44% é constituido por paraenses e os demais são oriundos, em grande parte, do nordeste brasileiro.
Muitas fazendas que utilizavam o trabalho escravo, foram descobertas e os donos punidos. No entanto, segundo o relatório dos pesquisadores, os casos de reincidência são muitos, como é o caso da fazenda Forkilha, localizada em Santa Maria das Barreiras . Esta fazenda é recordista em reincidência desta prática criminosa e já foi denunciada várias vezes no decorrer de dez anos.
Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, entidade ligada à igreja católica, apenas 50% das denúncias são fiscalizadas. Portanto, é dever do Estado brasileiro promover planos de ação que visem a informar a sociedade sobre a existência do trabalho escravo e intensificar a fiscalização nas fazendas, principalmente as já conhecidas nessa questão.

Fonte: www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira51/noticias/noticia7.html

terça-feira, 5 de maio de 2009

UMA ANÁLISE CULTURAL AMAZÔNICA SOBRE A ÓTICA DO ESCRITOR WALCYR MONTEIRO

Por Vanessa Dantas e Manayra Rodrigues

Jornalista, economista, sociólogo e escritor, Walcyr Monteiro é considerado como um dos mais importantes escritores paraenses, em decorrência de seus trabalhos produzidos no âmbito literário. Reconhecido, principalmente por suas realizações no campo folclórico, com publicações de livros relacionados ao imaginário popular amazônida, como Visagens e assombrações de Belém, obra mais atual e conhecida, onde exalta a identidade, que considera puramente unívoca da população amazônica.

As produções do autor adquiriram uma expansão considerável, tanto em esfera nacional como internacional, desde sua primeira publicação em 1972, no jornal A Província do Pará. No ano de 2007, foram comemorados os 35 anos da primeira publicação da obra Visagens e Assombrações de Belém. Sendo possível encontrar as diferentes edições dos trabalhos de Walcyr, como as cinco edições da obra Visagens e Assombrações de Belém, a série Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia, As Incríveis Histórias do Caboclo do Pará, Miscelânea ou Vida em Turbilhão e Cosmopoemas. Para comprovar sua ênfase na área internacional, encontram-se publicações do livro Histórias Portuguesas e Brasileiras para Crianças, lançado no Brasil e Portugal e o conto Presente de Natal, publicado em diversos idiomas, como Português, Espanhol, Inglês e Japonês.

Essas manifestações culturais tratadas nas obras do escritor nascem no cenário interiorano, se expandem para periferia, espraiando-se aos grandes centros, tornando-se parte do cotidiano da população central, isto é, os hábitos pertencentes aos grupos populares penetram o grupo social, dito elitista, que com o tempo tendem a perder-se, em decorrência do surgimento de novos. Daí se dá o trabalho de Walcyr que reúne essas narrativas orais. É como se o que antes era repelido, ironizado e desvalorizado se tornasse algo precioso ao ponto de ser preservado e cultivado para que, de maneira nenhuma desapareça. Fator considerado superado na visão pós-moderna.

A crítica não perpassa a pessoa Walcir Monteiro e sim ao seu trabalho. Por se tratar de uma temática interligada a todo um contexto social e midiático, interessado na valorização dessa famosa identidade cultural Amazônica, é daí que resulta essa exacerbada divulgação de suas obras, em relação a outros escritores, justamente por está ligado a uma extensa cadeia artística, musical, empresarial e a veículos de comunicação que dão todo um suporte midiático, visto que o autor é um constante tema neste meio. Baseando-se neste fato constata-se a grande relevância que os mass media oferecem as obras de Walcir Monteiro, sempre presente em eventos culturais como a Feira Pan Amazônica do Livro.

Há um tempo o governo estadual propôs a retirada do Halloween da região norte, para substituir seus personagens como, bruxas e caveiras pela Matinta Perera, Curupira e Mãe d’ Água, figuras características de nossa região, com o intuito de valorizar a cultura local. Atitude no mínimo impensada, se levarmos em conta que os processos híbridos no Brasil existem desde sua fundação, com o contato entre os colonizadores Europeus e habitantes locais. De lá pra cá, esse processo aumentou cada vez mais, principalmente com o advento da televisão.

“A geração do 3º milênio – na certeza de que manterão a Amazônia e sua cultura como a recebemos de nossos antepassados!” (Monteiro, 2007).

Divergindo com a citação apresentada, pode-se dizer que não se deve olhar a região Amazônica e classificá-la de uma única maneira ou mesmo padrão, estático, imutável, como se sua cultura sintetizasse apenas o exotismo, o incomum, tradicional e o fantástico, com seus mitos e lendas.

Fator este, até hoje cultivado pelos mass media, por meio de produções cinematográficas e televisivas, nacionais e internacionais, propagadas a partir da década de 1950, com o advento da televisão nos lares brasileiros, que cultivam e disseminam a idéia de uma Amazônia ultrapassada, de 1500. Esquecendo das relações interculturais com os africanos, indígenas, colonizadores europeus e mais tarde, precisamente na belle époque, com os nordestinos, em que os nativos amazônidas adquirem particularidades destes povos, que permanecem até os dias atuais. De acordo com texto de autoria de N. Canclini:

A hibridação, como processo de interseção e transações, é o que torna possível que a multiculturalidade evite o que tem de segregação e se converta em interculturalidade.

Encontram-se nas obras do autor uma espécie de rótulo do morador Amazônico, de forma como se não houvesse mantido contato com estas culturas, e que não apresentasse um processo de aculturação entre os nativos e os imigrantes. Como se essa região não tivesse se desenvolvido e participado dos processos de globalização e hibridismo cultural. E o pior, como se o homem que habita o território amazônico fosse o mesmo de gerações passadas, dando uma idéia de estabilidade social e cultural.

O fato é que foi ignorado o crescimento no contato entre as diferentes culturas, a partir da década de 1980, proporcionadas pelos meios de comunicação e o surgimento de novas tecnologias, que possibilitaram uma maior relação com as pessoas. Tecnologias estas que de certa forma, ajudam a reorganizar experiências distintas, auxiliando no reconhecimento de símbolos culturais. Sendo constatada essa afirmação, no trecho de Ilana Polistchuk e Aluízio Ramos Trinta, do ano de 2003.

As tecnologias da comunicação fazem circular novos meios de produção e de propagação de fatos culturais, em harmonia com a sensibilidade coletiva do tempo e as formas de perceber, entender e se apoderar, fazendo seu próprio, que são as dos receptores ou destinatários.

Walcyr Monteiro é um dos contribuintes de uma errônea temática, como já foi dito, pois tenta preservar esse imaginário Amazônico, que na verdade não se perdeu, apenas hibridou-se com outras culturas, acarretando na origem de novas. O ribeirinho morador do interior Amazônico continua com os valores e hábitos de seu bisavô, porém concomitantemente a isso ele adquiriu muitos costumes de outros países e continentes e até de outros estados da sua própria nação, que desconhecia; conhecimento este permitido graças ao surgimento da televisão. De acordo com o texto de autoria de N. Canclini, do ano de 2003, afirma-se que:

Os estudos sobre narrativas identitárias com enfoques teóricos que levam em conta os processos de hibridação (Hannerz; Hall) mostram que não é possível falar das identidades como se se tratassem apenas de um conjunto de traços fixos, nem afirmá-las como a essência de uma etnia ou de uma nação.

Conforme a afirmação apresentada pode-se entender que o trabalho do autor em sua maioria é ultrapassado, pois não acompanha os estudos relacionados às atuais narrativas identitárias, confirmando uma estagnação cultural em suas obras, a qual o mundo ironiza, mas está presente na realidade cultural e no imaginário popular de algumas pessoas. Logo, esta estabilidade não existe, haja vista que a identificação por algo ou idéia muda constantemente.

“Anita e a irmã tiveram que ir a ‘experientes’ até que uma finalmente as curou: tinham ficado assombradas pela Mãe d’Água do Igarapé de São Joaquim...”

E, desde ai, Anita passou a respeitar não somente a Mãe d’Água daquele Igarapé, como também a todos os ‘donos’ dos demais igarapés, furos, paranás, rios, lagos e de outros acidentes geográficos da Amazônia. (Monteiro, 2007)

Este trecho é uma pequena amostra para entender que o autor retrata em suas obras apenas um ângulo da sociedade de outrora, como se nas conversas e no cotidiano das pessoas predominasse somente o regionalismo, a idéia de pureza, visto que seus personagens acreditam em histórias fantásticas. Repelindo do vocabulário destes, características oriundas de outras culturas, ou seja, não se pode generalizar que os hábitos da região Amazônica são os mesmos para todos os habitantes, assim como não se pode dizer que não há mestiçagem em um país como o Brasil, que é classificado, na visão estrangeira, como o país do samba, carnaval, futebol e mulheres naturalmente esculturais.

A partir dos pressupostos apresentados, pode-se dizer que as obras de Walcyr Monteiro sofreram uma espécie de reconversão cultural? Não e sim, haja vista, que seus personagens e dialetos não alteraram suas características perante as exigências do mercado, para que fossem comercializáveis, não! Pelo contrário, as obras do autor mantêm o que ele julga ser a identificação do povo amazônico. Contudo, suas obras são o resultado da coletânea de histórias faladas pela população de outrora, que o escritor as adaptou para livros com o intuito de que fossem preservadas, divulgadas e comercializadas através do mercado, que como sempre, faz seu papel de analisar manifestações culturais que julga ter capacidade de “emplacar” no gosto global.

A GUISA DE CONCLUSÃO

O cinema e a televisão impulsionaram a formação de um imaginário coletivo durante o século XX e agora o XXI; a televisão incide, com sua poderosa cotidianidade, no desenvolvimento de uma memória coletiva, apresentando realidades, mas também forjando estereótipos.
A citação à cima de C. Castro esta fortemente relacionada com o que entende-se sobre pós-modernidade, já que não se admite a idéia do intocável, valorizando assim o multiculturalismo.

Portanto, defende os processos híbridos, as metamorfoses, inter-relações, fusões e reconversões entre as culturas, que aumentaram em decorrência do aparecimento dos mass media. Mas sabe-se que não necessariamente essas trocas acontecem de modo pacífico. Desta forma, é observável a busca do autor em preservar intocável, o que considera origens sociais e culturais, contrapondo-se às propostas expostas no artigo e conseqüentemente a pós-modernidade, a qual não necessariamente nega esta valorização do tradicionalismo, mas sim defende o relativismo cultural. De acordo com um trecho do texto de C. Castro:

“A diversidade cultural é a nova protagonista da praça pública”

A história de um herói preguiçoso


Por Vanessa Dantas

O filme Macunaíma é uma produção cinematográfica nacional realizada em 1969. Sendo uma transposição do livro da primeira metade do século XX, de Mário de Andrade e dirigida por Joaquim Pedro de Andrade, o filme cujo gênero é comédia, narra a história de um herói brasileiro, Macunaíma.

O personagem principal Macunaíma, nasce e mora na selva junto com sua família. Ele é negro e de aspecto pouco atraente, entretanto, passado algum tempo sua aparência muda e ele se torna um homem bonito, interessante e até mesmo importante para sua família, já que com a feição feia, seus familiares não lhe davam o devido valor. Nesse ponto, o filme pode ser considerado com grande conteúdo racista, no sentido de que enquanto negro Macunaíma é rejeitado por todos que o cercam (família), se tornando aceito somente quando muda para a cor branca. A partir daí há a relação errônea e preconceituosa do branco ser a pureza e o negro, a sujeira.

Decorrido um período Macunaíma se muda para a cidade grande junto com sua família. Nesse momento começam as aventuras do herói brasileiro nativo da selva, na cidade.

Algumas características importantes do filme podem ser observadas desde seu início, já no primeiro momento, onde começa com o hino do regime militar. Não podendo esquecer que a obra refere-se além dos anos de 1920 e 1930, à época da ditadura militar em meados dos anos 1970.

Ao tempo dos anos de 1970 as roupas consideradas psicodélicas pelo uso exagerado de cores era uma das peculiaridades, mas o regime militar, o nacionalismo e a defesa do moralismo e da tradição são os que mais se destacam.

Em cenas como a perseguição da guerrilheira por homens armados, o momento em que Macunaíma corre e um policial acha que a atitude é suspeita e mais, o discurso moralista na Praça da República no Rio de Janeiro com o símbolo do Cruzeiro do Sul, já que a bandeira nacional era proibida, confirmam a idéia da imposição do regime e da defesa moralista.

Macunaíma também se utiliza de mitos brasileiros com personagem do folclore nacional, como a Caipora. Assim como, aspectos do Brasil mencionados nos textos de Roberto Damatta. Um deles é a comida, representada por meio de diversas frutas típicas em uma árvore, na Praça da República, e a feijoada. O jeitinho e a malandragem de Macunaíma aliado à religiosidade que ele confia são notados em muitas ocasiões, como na cena que ele está no terreiro de Candomblé e em variados instantes onde foge de situações perigosas.

No final da obra Macunaíma volta com sua família para seu local de origem, a selva, mas logo é abandonado por todos, e se vê na companhia solitária de um papagaio, que se torna seu único amigo para conversar.

O filme Macunaíma é uma produção brasileira que narra a história de um herói negro preguiçoso que depois se torna branco e faz muita gente dar risada, é só assistir!

SABORES EXÓTICOS DO PARÁ

Por Vanessa Dantas

A culinária paraense é considerada como a mais requintada, diversificada e genuinamente brasileira por abrigar influências das tribos indígenas Amazônicas.

Quem já foi à Belém do Pará e deixou de experimentar o açaí ou o Pato no Tucupi, ou ainda o Tacacá e a Maniçoba? Quem vai à capital paraense não pode deixar de saborear as iguarias típicas da região. Com comidas peculiares sendo muitas consideradas afrodisíacas, elas se combinam e vão desde os pratos comuns acompanhadas do açaí como o peixe até as frutas regionais preparadas para a sobremesa, como cremes e sorvetes.

A culinária paraense recebeu forte influência da cultura indígena, assim como da Portuguesa e Africana, entretanto, a que mais se manifestou e deixou resquícios até hoje é a dos povos indígenas Amazônicos.

Como uma fonte de inspiração para diversas atividades de seus habitantes, a floresta Amazônica contribuiu consideravelmente para o surgimento da gastronomia paraense. Os ingredientes básicos utilizados no preparo da culinária regional são oriundos da exuberante natureza da Amazônia como camarão, carangueijo, marisco, peixe, aves, caça, pato, todos temperados com folhas (maniva, chicória, coentro), pimentas de cheiro e ervas.

O resultado da mistura de todos esses elementos são as comidas típicas como a Maniçoba, Caruru, Vatapá e o tão famoso Pato no Tucupi, todos muito apreciados nas festividades do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, festa popular realizada todos os anos no mês de Outubro na capital paraense. O caranguejo é outra verdadeira mania paraense. Degustado de várias formas, com especial predileção pela casquinha de caranguejo, uma entrada obrigatória em qualquer refeição mais típica. Não podendo esquecer as frutas como o bacuri, tucumã, muruci, piquiá, taperebá e o cupuaçu, entre muitas outras, que são preparadas para serem servidos na sobremesa em forma de cremes, bombons acompanhados de chocolate ou sorvetes.

Inovações na culinária regional.

O que atualmente tem se notado é a nova roupagem que muitos chefes da culinária do Pará têm dado aos pratos típicos. Sendo este o caso do famoso restaurante paraense “Lá em Casa”.

Conduzido pelo arquiteto e chefe Paulo Martins a união do tradicional ao novo é a marca das saborosas e requintadas receitas do “Lá em Casa”. Ele faz uma releitura com os produtos regionais, dando uma nova “cara” aos ingredientes. Um exemplo disso é o jambu, que antigamente somente era usado no Pato no Tucupi ou no Tacacá, agora o chefe mistura-o com arroz, saladas e massas. Outro prato criado é a Piramanga, no qual é feita uma mistura de Pirarucu com Manga e Feijão e o picadinho de Tambaqui, pois o chefe também aproveita variados tipos de peixes não tão nobres e realiza porções semelhantes ao Haddock.

Mas, além de seu trabalho diversificado e inovador no restaurante “Lá em Casa”, Paulo Martins também organiza o festival do “Ver-o-Peso da cozinha paraense”, desde 1999, com o intuito de divulgar ao Brasil e exterior os ingredientes e produtos da culinária paraense, já que reúne chefes de todo o Brasil tão conhecido como ele. Sem dúvida alguma as comidas e os temperos paraenses originam sabores exóticos, aproveitados até pelo mais exigente gourmet.

Filme Mulheres Perfeitas sob a ótica pós-moderna

Por Vanessa Dantas e Manayra Rodrigues

Em meados dos anos 70 o movimento feminista nos E.U.A estava no auge. Ira Levin, escritor consagrado da obra-prima “O Bebê de Rosemary”, inspira-se nos acontecimentos da época captando o drama vivenciado pelas mulheres norte-americanas e escreve o romance The Stepford Wives, o qual é adaptado para o cinema em 1975 por Bryan Forbes, diretor inglês. O filme tem como objetivo principal fazer uma crítica feminista à sociedade machista norte-americana, evidenciando o forte preconceito masculino referente às mulheres que lutavam por liberdade frente à sociedade.

O filme "Mulheres Perfeitas" de Frank OZ, 2004, objeto da análise, é uma releitura contemporânea do original, mas com a inclusão da mistura de gêneros como, suspense, drama e ficção científica, porém é predominantemente uma comédia. Com uma visão critica, copiada do original, é mostrado uma cidade isolada do resto do mundo na qual funciona uma associação masculina, onde em reuniões freqüentes é decidido o destino da cidade e de suas mulheres. Através de um programa computadorizado, os homens da cidade implantam chips no cérebro das mulheres, controlando-as por meio de um controle remoto, reformulando-as com o único objetivo de serem controladas, superando as qualidades e principalmente os defeitos das mulheres comuns, criando um padrão estético e de conduta, perfeito de mulher, dona de casa, mãe obediente e submissa, mostrando que as mulheres poderiam ser moldadas, realizando seus desejos como se fossem robôs.

O cenário principal em que é passado o filme é uma pequena cidade interiorana (fictícia), onde podem ser percebidas características que se opõem ao período atual como, os figurinos, maquiagem, acessórios e posturas das personagens da trama. Por essas referências, encontram-se particularidades que possibilitam fazer uma leitura nostálgica do filme, proporcionando ao expectador um retorno a várias épocas, no caso do filme, aos anos 50, onde as mulheres usavam elegantes vestidos no dia-a-dia, estavam sempre arrumadas, com luvas e chapéus, cuidavam da casa, filhos, maridos e da beleza, sempre com a postura submissa e obediente aos homens.

Neste sentido é marcante um dos conceitos pós-modernos, a história como nostalgia, que nada mais é do que a representação ou referência a um período, acontecimento ou fato histórico através de um meio ou produto comunicacional, contemporâneo ou não. Por isso, utiliza artigos decorativos e artifícios, para causar lembranças ou sentimentos que emocionem e despertem reações no espectador. De acordo com o texto de autoria de F. Jameson, do ano de 1985, afirma-se que:

(...) o realismo que nos resta é um “realismo” que decorre da captação chocante deste
confinamento e da consciência viva de que, por razões especiais de algum tipo, nos vemos condenados a buscar o passado histórico através de nossas imagens pop e de nossos estereótipos a seu respeito, sendo que o próprio passado permanece, para sempre, fora de alcance.

Segundo o autor, entende-se que a maioria das produções contemporâneas não inovam um estilo, copiam e muitas vezes relembram momentos passados, se baseando no que já aconteceu, mas não completamente, pois é impossível trazer o passado realmente de volta.
“Era um lugar fora de todos os lugares, apesar de estar geograficamente situado dentro.” (MACIEL, 2008).

Definição clara para explicar o conceito de heterotopia espacial, que encontra-se também no filme “Mulheres Perfeitas”. É a existência de um mundo diferente e obscuro para a maioria das pessoas de uma determinada sociedade, é a idéia de “União de mundos possíveis em um espaço impossível”. Pois no decorrer do filme, desconfia-se que há algo por trás de toda a perfeição que a cidade e as mulheres aparentam ter, algo que é extremamente escondido pelos moradores mais antigos. Antes do final descobre-se o que acontece, já que realmente existe uma comunidade diferente atuando paralelamente em um mesmo local, onde esta controla a cidade aparente. Esta comunidade não é revelada aos recém chegados habitantes, porém posteriormente é mostrada apenas para os maridos, isso, claro, se simpatizarem com as ideologias locais.

O filme possui todo um aparato tecnológico no poder e em prol dos homens, evidenciado por um controle remoto, responsável por controlar as mulheres, de acordo com os anseios masculinos. Os homens simulam esposas, modificando-as para superar as qualidades e os defeitos, pois, para eles são melhores do que as reais, já que é possível retirar os defeitos tanto físicos quanto os comportamentais, triplicando o que eles julgam ser qualidade, o que nos remete ao conceito de simulacro, já que são cópias quase perfeitas.

Partindo desses pressupostos entramos no conceito mais marcante do pós-modernismo, neste filme, o pastiche, já que este é a cópia distorcida do original “The Stepford Wives” de 1975, no Brasil, “Esposas em Conflito”. Sem nenhuma crítica revolucionária, por se tratar de um filme pós-moderno, apenas copiando a forte crítica que o primeiro faz ao machismo vigente da época. Porém, algumas coisas são modificadas no desenrolar da trama, principalmente seu final, tratando o filme de maneira cômica, por acrescentar ao suspense o gênero de comédia. È como Fredric Jameson argumenta em seu texto, do ano de 1985:

“(...) O pastiche é a imitação de um estilo singular ou exclusivo, a utilização de uma máscara estilística, uma fala em língua morta (...)”.

Segundo Jameson, entende-se que para a pós- modernidade nada mais pode ser feito ou criado, não há mais o que fazer, pois tudo que poderia ser realizado já foi produzido pelos artistas modernos, que objetivavam ser originais. Portanto, o artista pós-moderno não realiza inovações, mas sim imita algo que já existe, sem criticas ou ironias, evitando o estranhamento por se tratar de uma obra que copia algo já conhecido. Visando o lucro comercial ou homenagear algum diretor ou roteirista, no caso de cinema.

Simplificando, as criações pós-modernas, que são pastiche, são as criações que sempre copiam algo ou alguém, “(...) Elas refletem, reproduzem o caos, são pastiche, são repetição, são estilhaços e fragmentos (...)” (ROMANO, 2003, não paginado).

MUSEU ABRIGA UMA GRANDE HERANÇA CULTURAL

MUSEU DO FORTE DO PRESÉPIO conta com uma grande variedade de objetos e informações do período que antecedeu a colonização da região amazônica e após a chegada dos colonizadores.


Por Vanessa Dantas
O Forte do Presépio tem sua origem junto à fundação da cidade de Belém no século XVII. No entanto, após inúmeras reformas e finalidades, foi transformado em museu em 2002. Em sua área externa chamada de “Sítio Histórico da Fundação da Cidade” encontram-se instrumentos de guerra como canhões, pertencentes a diversos períodos do forte. Já em sua área interna, denominada museu do Encontro na sala Guaimiaba, pode-se observar uma exposição de objetos pertencentes aos habitantes da fase pré – colonial, assim como artefatos dos colonizadores europeus.
O museu é recheado de informações junto às exposições, tal qual a respeito da colonização da Amazônia. Na sala Guaimiaba, local onde fora encontrado durante o período de restauração fragmentos de cerâmica, porcelana, balas e moedas, há a presença de peças artesanais encontradas em outros locais da região e levadas ao museu, como vasos e urnas de cerâmica, utilizadas para uso pessoal, festas religiosas e em rituais funerários, produzidas pelas sociedades da Amazônia pré-colonial Marajoara, Tupinambá, Tapajônicas como uma forma de expressão cultural. Pode ser observados também objetos de uso pessoal, sendo estes cachimbo, moedas e broches e armamento militar pertencentes aos colonizadores portugueses da Amazônia.
Área interna no museu do encontro, na sala Guaimiaba, com objetos de cerâmica, utilizados e produzidos por sociedades passadas.

CULTURA MARAJOARA

CULTURA MARAJOARA Uma herança cultural das sociedades mais representativas na história da Amazônia.

O museu do Forte do Presépio abriga uma riqueza de objetos culturais das diversas sociedades amazônicas que existiram. Uma das mais conhecidas e que possuíram e ainda possuem grande relevância é a cultura Marajoara. Tendo sua origem e ocupação na Ilha do Marajó entre os séculos V e XVI, essas sociedades aglomeravam-se no centro da ilha, ao longo dos rios principais, em sítios conhecidos como tesos, onde eram erguidas as aldeias, às vezes plantados plantas de uso do cotidiano e onde eram enterradas as urnas funerárias. As populações estabeleciam contatos uns com os outros e realizavam trocas de matérias – primas e bens variados, tais como pedras raras, produtos animais e vegetais.

BELAS E SOFISTICADAS - A produção mais interessante, bem elaborada, sofisticada, com grande influência cultural e prestígio inestimável quanto ao valor artístico da cultura Marajoara, foi a cerâmica. Sendo um produto muito importante e representativo para estas sociedades, eram confeccionadas por variados motivos, com rica simbologia e formas delineadas. Os marajoaras desenvolveram ideogramas decorativos que se combinavam e repetiam. Com narrativas gravadas na cerâmica referentes à cosmogonia marajoara, eles marcavam nas mesmas, animais como lagarto, escorpião, serpentes e simbologias femininas. Já a cerâmica ritualística, que foi caracterizada como objeto cerimonial produzido pelas sociedades marajoaras, contava com formas e decoração muito bem elaboradas, utilizando pintura preta e vermelha sobre fundo branco, bordas ocas, modelagem, incisão e excisão.

UNIVERSO FEMININO – Nas sociedades marajoaras, houve muitas participações de mulheres em atividades. Em algumas culturas amazônicas, a produção da cerâmica era o papel das mulheres, sendo reservado a elas a presença nas cerimônias realizadas no processo de pré-queima e queima das peças confeccionadas. Há também a colaboração das mulheres marajoaras no preparo de vários tipos de comidas derivadas da mandioca, sendo que a produção regular destes produtos provavelmente pode ter fortalecido a economia de muitas sociedades onde o número de habitantes era maior. Além do mais, a presença constante de simbologias femininas em peças como as urnas funerárias, leva a crer que a mulher tinha um papel de suma importância nestas sociedades, principalmente no que diz respeito às tradições religiosas marajoaras.

ASCENSÃO E QUEDA – Ocorreram em um período da cultura Marajoara, diversas mudanças na estrutura destas sociedades. Este momento é conhecido como a Fase Marajoara, em que os tesos são levantados e as urnas, hoje muito conhecidas, são criadas. No entanto, por mais que as estruturas econômicas e políticas estivem intactas, uma forte influência religiosa estava abatendo as sociedades marajoaras. Esta situação ocasionou a centralização do poder e conseqüente força do trabalho social a favor da elite religiosa, que habitavam os tesos maiores e comandavam os rituais e as cerimônias funerárias. E 300 anos antes da chegada dos europeus a estrutura sociopolítica dos marajoaras entra em um estado de declínio, podendo ter como motivo uma forte seca que abateu a região amazônica.

HERANÇA - Estas sociedades deixaram uma grande herança cultural à população. Sendo aperfeiçoadas e reproduzidas com as mesmas características até hoje, as cópias da cerâmica Marajoara com suas formas, decorações e cores sustentam uma população de oleiros no estado do Pará. Além do mais, estes objetos refinados, bem elaborados e com um significado importante, pertencente à nossa história, abrilhantam as residências e comércios na sociedade.


Homenagem aos 200 anos de imprensa no Brasil


Com o intuito de levar à sociedade principalmente aos profissionais da área de comunicação a história e os caminhos percorridos pela imprensa, a empresa Vale apresenta a exposição em homenagem aos 200 anos de imprensa no Brasil. A exposição conta com o apoio e iniciativa da empresa Vale e parceiros, como o CDN (Companhia de Pesquisa) e o SINJOR (Sindicato dos Jornalistas), que colaboraram com as pesquisas realizadas para a concretização do evento que aconteceu no HANGAR (Centro de Convenções e feiras da Amazônia) no período de 10 de Setembro a 10 de Outubro de 2008, de 10h às 22h.
O objetivo principal da exposição era resgatar e preservar a memória local, relatando a trajetória da imprensa no Brasil, mas especificando também as particularidades da sua história no Pará, possibilitando ao público uma volta ao passado para compreender melhor o que aconteceu desde o início com sua entrada no país até os dias atuais e o considerável progresso da imprensa.
Durante o percurso pela exposição, que possuia um formato pouco convencional com o objetivo de dar a impressão das rotativas dos jornais, pode ser observado todo o processo pelo qual passou a imprensa no Brasil, desde o seu início com a entrada do jornal impresso no país, passando por várias épocas com as respectivas particularidades de cada período, enfrentando dificuldades e conquistando muitas vitórias, chegando até os dias atuais com as novas tecnologias utilizadas, acrescentado principalmente as características específicas do que foi a história da imprensa no Pará.

A psicologia social e a experiência de Stanford

Por Vanessa Dantas
A PSICOLOGIA SOCIAL E A EXPERIÊNCIA DE STANFORD
A Experiência foi realizada em uma prisão fictícia na universidade de Stanford pelo psicólogo Philip Zimbardo em Agosto de 1971. Neste estudo foi feito a simulação de uma prisão fictícia, com o intuito de entender os efeitos psicológicos de se tornar um prisioneiro e um guarda prisional.
Palavras Chaves: Atitude, mudança de atitude, comportamento, realidade, poder ilusório.
PERCEPÇÃO SOCIAL E COMUNICAÇÃO.
“No encontro social, o processo de percepção social é desencadeado. Percebemos um ao outro, percebendo as características apresentadas por este outro, a partir das quais construímos uma 'impressão' dele.”
“Ao perceber o outro, tem início a comunicação”.
A Experiência mostra claramente que no início do experimento, os candidatos após terem mantido certo contato, se conhecerem, interagir uns com os outros, conversando sobre suas vidas, suas coisas em comum e os motivos pelos quais os levaram a estar participando do experimento obtiveram uma “impressão” boa uns com os outros, principalmente porque naquele momento o comportamento de todos era de pessoas educadas, “brincalhonas” e extrovertidas. No entanto, as coisas foram mudando no decorrer de todo o processo, fazendo com que cada um mudasse o conceito sobre o outro.
ATITUDES E MUDANÇAS DAS ATITUDES.
“Informações com forte carga afetiva (positiva ou negativa), que predispõem o indivíduo para uma determinada ação.”
No início do experimento, vários exames foram realizados com os candidatos, ficando evidente que os candidatos eram pessoas saudáveis, sem problemas aparentes, inteligentes, que nunca haviam sido presas e nem feito uso de drogas. Eles estavam prontos e preparados para ficarem duas semanas em uma simulação de prisão, sendo observados e analisados.
Apenas dois dias foram suficientes para os prisioneiros “enlouquecerem” os guardas da suposta prisão. Haja vista que os presos não respeitavam e obedeciam aos guardas. E estes por sua vez, não se colocavam em seus lugares de protetores e defensores da ordem. Porém, menos de dois dias foi o suficiente para a revolta dos presos e a busca forçada por respeito pelos guardas, que neste momento já haviam esquecido que aquela situação era fictícia.
Com o uso da força, agressões físicas, humilhações e seu “poder” de autoridade, os guardas mantinham a “ordem” da prisão. Entretanto com o passar de pouco tempo, com a “realidade” em que eles foram inseridos naquele ambiente e as novas convicções que adquiriram neste mesmo ambiente, já haviam esquecido totalmente que aquele poder não lhes pertencia realmente.
Pode-se perceber que o confinamento e as situações de humilhação e crueldade pelos quais os homens selecionados para serem os presos passaram, fizeram com que eles se tornassem indefesos e por consequência, mantivessem um vínculo forte de cumplicidade e companheirismo uns com os outros, onde um ajuda, acoberta ou “toma” as dores do outro em momentos difíceis e dolorosos.
AS COBAIAS COMO UM GRUPO SOCIAL.
“Os grupos sociais são pequenas organizações de indivíduos que possuindo objetivos comuns, desenvolvem ações na direção desses objetivos.”
“Para garantir a organização, possuem normas, formas de pressionar os elementos para obedecerem às normas, tarefas e funções a serem desempenhadas pelos elementos...”
Fica claro que os voluntários a participar da experiência, ao responderem ao anúncio do jornal, tornaram-se um grupo que possuiam um objetivo em comum, que é o de receber a recompensa. Cada homem tinha uma necessidade e um motivo para estar lá, seja para ter a possibilidade de comprar algo supérfluo ou essencial. Para que desse certo, era preciso acima de tudo que todos trabalhassem em conjunto, com organização, obedecendo às regras e executando suas funções corretamente dentro da prisão. Todavia, essas obrigações não deveriam ser exageradas e prejudiciais. Mas não foi o que aconteceu.
Pode-se observar, que logo no início do confinamento na prisão, o objetivo dos candidatos já havia se tornado incomum. Pois começaram a desenvolver atitudes que não condiziam com o real motivo de estarem lá. Além disto, começaram a desenvolver um papel que na verdade era ilusório mas que para eles,era real, onde prevaleceu a força e as agressões físicas e morais, por consequência disso os resultados do experimento foram violentos, muito negativo e antiético.


O filme alemão alvo dessa pequena análise chama-se "Das Experiment" produzido em 2001. Seu objetivo era fazer uma experiência psicólogica com 20 presos em troca de dinheiro. O resto vocês já sabem...