terça-feira, 5 de maio de 2009

Filme Mulheres Perfeitas sob a ótica pós-moderna

Por Vanessa Dantas e Manayra Rodrigues

Em meados dos anos 70 o movimento feminista nos E.U.A estava no auge. Ira Levin, escritor consagrado da obra-prima “O Bebê de Rosemary”, inspira-se nos acontecimentos da época captando o drama vivenciado pelas mulheres norte-americanas e escreve o romance The Stepford Wives, o qual é adaptado para o cinema em 1975 por Bryan Forbes, diretor inglês. O filme tem como objetivo principal fazer uma crítica feminista à sociedade machista norte-americana, evidenciando o forte preconceito masculino referente às mulheres que lutavam por liberdade frente à sociedade.

O filme "Mulheres Perfeitas" de Frank OZ, 2004, objeto da análise, é uma releitura contemporânea do original, mas com a inclusão da mistura de gêneros como, suspense, drama e ficção científica, porém é predominantemente uma comédia. Com uma visão critica, copiada do original, é mostrado uma cidade isolada do resto do mundo na qual funciona uma associação masculina, onde em reuniões freqüentes é decidido o destino da cidade e de suas mulheres. Através de um programa computadorizado, os homens da cidade implantam chips no cérebro das mulheres, controlando-as por meio de um controle remoto, reformulando-as com o único objetivo de serem controladas, superando as qualidades e principalmente os defeitos das mulheres comuns, criando um padrão estético e de conduta, perfeito de mulher, dona de casa, mãe obediente e submissa, mostrando que as mulheres poderiam ser moldadas, realizando seus desejos como se fossem robôs.

O cenário principal em que é passado o filme é uma pequena cidade interiorana (fictícia), onde podem ser percebidas características que se opõem ao período atual como, os figurinos, maquiagem, acessórios e posturas das personagens da trama. Por essas referências, encontram-se particularidades que possibilitam fazer uma leitura nostálgica do filme, proporcionando ao expectador um retorno a várias épocas, no caso do filme, aos anos 50, onde as mulheres usavam elegantes vestidos no dia-a-dia, estavam sempre arrumadas, com luvas e chapéus, cuidavam da casa, filhos, maridos e da beleza, sempre com a postura submissa e obediente aos homens.

Neste sentido é marcante um dos conceitos pós-modernos, a história como nostalgia, que nada mais é do que a representação ou referência a um período, acontecimento ou fato histórico através de um meio ou produto comunicacional, contemporâneo ou não. Por isso, utiliza artigos decorativos e artifícios, para causar lembranças ou sentimentos que emocionem e despertem reações no espectador. De acordo com o texto de autoria de F. Jameson, do ano de 1985, afirma-se que:

(...) o realismo que nos resta é um “realismo” que decorre da captação chocante deste
confinamento e da consciência viva de que, por razões especiais de algum tipo, nos vemos condenados a buscar o passado histórico através de nossas imagens pop e de nossos estereótipos a seu respeito, sendo que o próprio passado permanece, para sempre, fora de alcance.

Segundo o autor, entende-se que a maioria das produções contemporâneas não inovam um estilo, copiam e muitas vezes relembram momentos passados, se baseando no que já aconteceu, mas não completamente, pois é impossível trazer o passado realmente de volta.
“Era um lugar fora de todos os lugares, apesar de estar geograficamente situado dentro.” (MACIEL, 2008).

Definição clara para explicar o conceito de heterotopia espacial, que encontra-se também no filme “Mulheres Perfeitas”. É a existência de um mundo diferente e obscuro para a maioria das pessoas de uma determinada sociedade, é a idéia de “União de mundos possíveis em um espaço impossível”. Pois no decorrer do filme, desconfia-se que há algo por trás de toda a perfeição que a cidade e as mulheres aparentam ter, algo que é extremamente escondido pelos moradores mais antigos. Antes do final descobre-se o que acontece, já que realmente existe uma comunidade diferente atuando paralelamente em um mesmo local, onde esta controla a cidade aparente. Esta comunidade não é revelada aos recém chegados habitantes, porém posteriormente é mostrada apenas para os maridos, isso, claro, se simpatizarem com as ideologias locais.

O filme possui todo um aparato tecnológico no poder e em prol dos homens, evidenciado por um controle remoto, responsável por controlar as mulheres, de acordo com os anseios masculinos. Os homens simulam esposas, modificando-as para superar as qualidades e os defeitos, pois, para eles são melhores do que as reais, já que é possível retirar os defeitos tanto físicos quanto os comportamentais, triplicando o que eles julgam ser qualidade, o que nos remete ao conceito de simulacro, já que são cópias quase perfeitas.

Partindo desses pressupostos entramos no conceito mais marcante do pós-modernismo, neste filme, o pastiche, já que este é a cópia distorcida do original “The Stepford Wives” de 1975, no Brasil, “Esposas em Conflito”. Sem nenhuma crítica revolucionária, por se tratar de um filme pós-moderno, apenas copiando a forte crítica que o primeiro faz ao machismo vigente da época. Porém, algumas coisas são modificadas no desenrolar da trama, principalmente seu final, tratando o filme de maneira cômica, por acrescentar ao suspense o gênero de comédia. È como Fredric Jameson argumenta em seu texto, do ano de 1985:

“(...) O pastiche é a imitação de um estilo singular ou exclusivo, a utilização de uma máscara estilística, uma fala em língua morta (...)”.

Segundo Jameson, entende-se que para a pós- modernidade nada mais pode ser feito ou criado, não há mais o que fazer, pois tudo que poderia ser realizado já foi produzido pelos artistas modernos, que objetivavam ser originais. Portanto, o artista pós-moderno não realiza inovações, mas sim imita algo que já existe, sem criticas ou ironias, evitando o estranhamento por se tratar de uma obra que copia algo já conhecido. Visando o lucro comercial ou homenagear algum diretor ou roteirista, no caso de cinema.

Simplificando, as criações pós-modernas, que são pastiche, são as criações que sempre copiam algo ou alguém, “(...) Elas refletem, reproduzem o caos, são pastiche, são repetição, são estilhaços e fragmentos (...)” (ROMANO, 2003, não paginado).

4 comentários:

  1. Procurando por uma crítica construtiva na internet, não consegui meu intento. Confessso que você foi a primeira que falou sobre o filme de modo coerente. Apesar, de eu pensar em algumas cituações, diferentemente, do exposto.

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  2. Oi, bom dia, você tem esse artigo publicado em outro meio, por exemplo revista? onde eu possa encontra a referência bibliográfica completa.

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  3. o seu requeremento sobre esse exposicao demostra o quanto artigos refeentes se emitem em ambudancia explicacao de diserficacao coerente parabéns

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