terça-feira, 5 de maio de 2009

A história de um herói preguiçoso


Por Vanessa Dantas

O filme Macunaíma é uma produção cinematográfica nacional realizada em 1969. Sendo uma transposição do livro da primeira metade do século XX, de Mário de Andrade e dirigida por Joaquim Pedro de Andrade, o filme cujo gênero é comédia, narra a história de um herói brasileiro, Macunaíma.

O personagem principal Macunaíma, nasce e mora na selva junto com sua família. Ele é negro e de aspecto pouco atraente, entretanto, passado algum tempo sua aparência muda e ele se torna um homem bonito, interessante e até mesmo importante para sua família, já que com a feição feia, seus familiares não lhe davam o devido valor. Nesse ponto, o filme pode ser considerado com grande conteúdo racista, no sentido de que enquanto negro Macunaíma é rejeitado por todos que o cercam (família), se tornando aceito somente quando muda para a cor branca. A partir daí há a relação errônea e preconceituosa do branco ser a pureza e o negro, a sujeira.

Decorrido um período Macunaíma se muda para a cidade grande junto com sua família. Nesse momento começam as aventuras do herói brasileiro nativo da selva, na cidade.

Algumas características importantes do filme podem ser observadas desde seu início, já no primeiro momento, onde começa com o hino do regime militar. Não podendo esquecer que a obra refere-se além dos anos de 1920 e 1930, à época da ditadura militar em meados dos anos 1970.

Ao tempo dos anos de 1970 as roupas consideradas psicodélicas pelo uso exagerado de cores era uma das peculiaridades, mas o regime militar, o nacionalismo e a defesa do moralismo e da tradição são os que mais se destacam.

Em cenas como a perseguição da guerrilheira por homens armados, o momento em que Macunaíma corre e um policial acha que a atitude é suspeita e mais, o discurso moralista na Praça da República no Rio de Janeiro com o símbolo do Cruzeiro do Sul, já que a bandeira nacional era proibida, confirmam a idéia da imposição do regime e da defesa moralista.

Macunaíma também se utiliza de mitos brasileiros com personagem do folclore nacional, como a Caipora. Assim como, aspectos do Brasil mencionados nos textos de Roberto Damatta. Um deles é a comida, representada por meio de diversas frutas típicas em uma árvore, na Praça da República, e a feijoada. O jeitinho e a malandragem de Macunaíma aliado à religiosidade que ele confia são notados em muitas ocasiões, como na cena que ele está no terreiro de Candomblé e em variados instantes onde foge de situações perigosas.

No final da obra Macunaíma volta com sua família para seu local de origem, a selva, mas logo é abandonado por todos, e se vê na companhia solitária de um papagaio, que se torna seu único amigo para conversar.

O filme Macunaíma é uma produção brasileira que narra a história de um herói negro preguiçoso que depois se torna branco e faz muita gente dar risada, é só assistir!

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